Faz Sentido: por que ainda é difícil conversar sobre gravidez na adolescência?

Eduarda Paz

Faz Sentido: por que ainda é difícil conversar sobre gravidez na adolescência?

Você sabe qual o melhor momento para conversar a respeito de sexo com os filhos? Quais as consequências psicológicas de uma gravidez indesejada na adolescência? Quem é responsável em instruí-los? No programa Faz Sentido do último domingo, 3 de julho, a jornalista Fabiana Sparremberger e os convidados, o psicólogo Patrick Camargo e a educadora especial Cristiane Leitão, debateram essas questões.

Gerações

Fabiana – Por que ainda há tanta resistência em falar a respeito de sexo com crianças e adolescentes?

Patrick – A gravidez na adolescência era considerada um tabu até a década de 1990. Falar de assuntos relacionados ao sexo ou à prevenção de gravidez era considerado uma apologia ao sexo. Já estamos em 2022 e muitas pessoas ainda pensam dessa maneira. Embora o acesso à informação tenha aumentado, o esclarecimento ainda não é suficiente e os jovens buscam fontes desapropriadas, principalmente com amigos que têm menos conhecimento do assunto.  Isso só vai melhorar quando passarmos a tratar disso em casa e com naturalidade.

Cristiane – Com a tecnologia, os pais acreditam que os filhos não precisam perguntar, já que as respostas estão todas na internet. Mas eles ainda são jovens e imaturos. Eu tinha acesso às informações e, mesmo assim, engravidei na adolescência.

Diálogo 

Fabiana – O que mudou no ambiente escolar em relação às informações levadas a crianças e adolescentes quando o assunto é sexo e gravidez? 

Patrick – É dever da escola? É dever dos pais, do cuidador? Na verdade, é dever de todos. Na pandemia, sem as aulas presenciais, os pais ficaram mais tempo com os filhos e se depararam com a necessidade de abordar questões que, geralmente, são tratadas na escola. No meu consultório, por exemplo, atendi muitos pais com dúvidas de como conversar a respeito desse tema com os filhos. Alguns por vergonha, outros, simplesmente, não sabem dialogar.

Cristiane – Faz parte do currículo escolar dar enfoque à educação sexual, ou seja, as escolas fazem a parte delas. Mas reforço que a família precisa tratar de perto esse assunto com os jovens. E há outra questão importante aqui: prevenção de gravidez é assunto para meninos e meninas. Ainda há muito machismo quando se fala em educação sexual. Informar para ajudar, conversar e esclarecer nunca é demais.

Saúde mental

Fabiana – Mesmo com aceitação e acolhimento, um filho significa mudança de vida. Quais as consequências psicológicas da gravidez na adolescência?

Patrick – O impacto em relação aos pais já mudou bastante, afinal, a sociedade evoluiu. Antes, contar em casa era um grande problema. Mesmo assim,  ter filhos ainda tão jovem significa assumir responsabilidades que não estavam previstas, tanto no aspecto social e pessoal quanto na organização financeira. E há outras situações, como a definição de guarda compartilhada,  por exemplo, entre outras.

Cristiane – Na década de 1980, a pressão era em relação ao casamento. Hoje, quase não tem mais isso.  É importante lembrar que embora a escola ajude, o diálogo em casa é fundamental. Afinal, caso a  gravidez precoce aconteça, é a família que, diretamente, oferece apoio e segurança.

Fabiana – Qual momento ideal de falar sobre sexo com os filhos? 

Patrick – Dependendo da idade, as crianças vão ter curiosidades. Não há uma faixa etária específica para ensinar.

Cristiane – As crianças estão com uma percepção de mundo avançada. Assim que ele manifestarem interesse e curiosidade, podemos explicar o que precisam saber.

Neste domingo, o Faz Sentido recebeu Ronie Gabbi, consultor empresarial, e Alba Gorete Lenz, psicóloga organizacional, para falar a respeito da importância da comunicação nas empresas. É às 11h, na rádio CDN, na TV Diário e no YouTube do Diário.

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